quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A primeira

Edificio Cosmos
Apartamento 1222
Ela a esperar
Quem quer que queira
A campainha chama
Abre-se a porta
Ele a espreita
Não se falam
O feijão do almoço
Ainda late entre as paredes
O rádio cospe as rimas
De um pagode viscoso
Amor, dor
Paixão, solidão
Saudade, liberdade
Ele move-se estático
Para frente, para atrás
Como um rabino em oração
As mãos suadas
Criam raízes nos bolsos
As pernas cintilam
A fronte derrete
Ela acende um cigarro
Se importa que eu fume ?
Ele morde os lábios
Remexe a cabeça
Ela se aproxima
Suas curvas gritam
No shortinho P de oncinha
É a primeira vez ?
Ele foge o olhar para o chão
Não permitiria que a vergonha
Fosse o capitão de sua nau
Combateria o bom combate
Degolaria sua timidez
Arrancaria os olhos de sua cerimônia
Não se dobraria ao inimigo
Cumpriria sua missão

Erguendo o olhar
Dispara a fórceps

“A Sra. já conhece a nova enciclopédia ilustrada da Editora Tupinambá ?”
                                                                              

Francisco P Nieto

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