sábado, 21 de abril de 2012

O Palhaço

Todo palhaço é um visionário
Fareja a graça oculta
Atrás da existência crua
E generosamente a divide
Com os que são cegos demais
Para rir de si mesmos

Todo palhaço é um exilado
O riso é seu passaporte
Para fugir de seu acanhado país
E alcançar terra estrangeira
Onde finalmente longe
Pode se sentir em casa

Todo palhaço é um ladrão
Quer arrancar do outro
O que não brota em si
O riso iluminado
De sua criança triste

Todo palhaço é um sopro
Nada tem
Além da graça do instante
Que nasce, vibra e passa
Mas sempre retorna diferente
Quando o estranhamento
Esbarra com a criação
Nas esquinas do pensamento.

Francisco P Nieto