Nos porões do mar interior
Há uma nuvem
Que na calada das noites mudas
Abraça meu barco
Turvando meu sentido
Cegando minhas entranhas
Com um branco cor de dúvida
Galopo ofegante
Em busca de uma gota de azul
No horizonte desbotado
Trinco os dentes
Aperto os nós
Contudo
Quanto mais o vento
Engorda as velas
Mais o nevoeiro
Engole o barco
Mas o tempo
Que um dia a morte fisgará
Também ensina o marujo
A pescar a ciência da espera
A pescar a ciência da espera
Lançar âncoras
E escutar sem pressa
O soluçar das névoas
Sem espreitar ao longe
A estrela impossível
Mas olhando o espelho d’água
E encarando seu abismo.
Francisco P Nieto – 18/03/2012